Superlotado, Husm decide manter restrição nos atendimentos do Pronto-Socorro, mas retomará cirurgias eletivas

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Desde a manhã de terça-feira (26), são atendidos apenas pacientes oncológicos e pacientes encaminhados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Na mesma tarde, ocorreu uma reunião entre o gerente administrativo do Husm, João Batista de Vasconcellos e o secretário municipal de Saúde, Guilherme Ribas, que também é o atual presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado (Cosems RS).

–Nós verificamos a questão dos pacientes que estão chegando por situações especificas e constatamos que alguns estão chegando por demanda espontânea. Neste momento de capacidade elevada, esse pacientes sendo munícipes de Santa Maria ou de outros municípios, devem procurar, não sendo situações de gravidade elevada, procurar as suas portas de entrada – relata Ribas.

Conforme o gestor da pasta em Santa Maria, um plano de reformulação do fluxo de atendimento do Husm deve ser fechado nos próximos dias. Já nesta sexta-feira, uma nota conjunta entre o hospital, a Secretaria de Saúde do Estado e a Secretaria de Saúde de Santa Maria, com maiores esclarecimento sobre o caso, deve ser divulgada.

Espera

É a 16ª vez só este ano que o Pronto-Socorro do hospital enfrenta a superlotação, resultando na suspensão das cirurgias eletivas e do atendimento a demanda espontânea. Nesta quinta-feira, 44 pacientes permaneciam internados no Pronto-Socorro, cuja capacidade máxima é 29 leitos.

O santamariense Sidnei Moura, 56 anos, acompanhou a movimentação nos corredores do Husm nos últimos dias. Ao Diário, ele conta que está internado desde o dia 21 e ele aguarda por uma cirurgia cardiovascular.

Na maca ao lado, está o aposentado Rene Hasselein, 74. Ele e a esposa, a agricultora Águida Militz Hasselein, 68, chegaram no hospital na terça-feira, dia em que foi decretado estado de superlotação. A esperança de fazer os exames e ir embora durou mais tempo do que esperado e o casal acabou comemorando as bodas de 48 anos de casados no corredor do Pronto-Socorro na quarta-feira.

Em outro corredor, está o agricultor Paulo Cesar Buss, 49. Ao lado da esposa, a dona de casa Elizane Medianeira Milani Buss, 46, ele também aguarda por uma solução. Morador de Itaara, ele fraturou o fêmur da perna direita e foi trazido para Santa Maria. Internado no Husm desde o dia 19, Paulo Cesar precisa uma cirurgia.

– É um período de espera e angustia. De ele fazer de uma vez a cirurgia, porque fazendo a gente sabe que em poucos dias vai poder voltar para casa – afirma Elizane.

Entenda o caso

Desde a manhã de terça-feira (26), são atendidos apenas pacientes oncológicos e pacientes encaminhados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no Pronto-Socorro do Husm. Em nota, o hospital garantiu que o atendimento a demanda espontânea deve ser retomado, assim que houver condições técnicas adequadas que garantam a segurança das equipes e dos pacientes.

Por conta da situação, as cirurgias eletivas foram suspensas. Além do Pronto-Socorro, o Husm está com leitos extras na UTI NeoNatal, no Centro Obstétrico e no Centro Cirúrgico/Sala de Recuperação, o que eleva a taxa de ocupação global do hospital para 104%. No comunicado a imprensa, a instituição busca explicar os motivos que levaram a superlotação na unidade de urgência e emergência:

“Contribui para superlotação, o fato de o hospital ter recebido, nos últimos cinco meses, 739 Vagas Zero – internação compulsória de pacientes, determinadas pela Central de Regulação do Estado –, muitas delas desrespeitando, além da capacidade instalada, os critérios de referência e habilitação do hospital. Outro fator que impacta na superlotação é a falta de leitos de retaguarda em hospitais de menor porte para receber os pacientes já atendidos e estabilizados na HUSM. Desde o dia 9 de julho, há pacientes na fila de espera do Gerint (sistema de regulação de internações hospitalares do Estado), com condições de transferência, aguardando a indicação da Secretaria Estadual de Saúde”.

Ao Diário, o diretor do Departamento de Regulação Estadual da Secretaria da Saúde (SES), Eduardo Elsade, destaca que a superlotação do Husm não é exclusiva da região ou do hospital:

– Em reunião com a Regulação Estadual e a Secretaria de Saúde de Santa Maria,  a diretoria do Husm apresentou dificuldades do hospital em manter sua regularidade de procedimentos, internações e cirurgias. Por diversos motivos, incluindo a falta de algumas equipes médicas, o hospital não consegue manter regularidade de atendimentos, o que sobrecarrega a sua emergência. Este é o motivo principal da superlotação e não os encaminhamentos de pacientes pelo Samu ou pela Regulação do Estado,  cuja  referência é o Husm. A situação de superlotação temporária da emergência do Husm só vai se resolver quando atendermos a maior parte dos pacientes e atendimentos represados nos dois anos de pandemia e quando a instituição regularizar a sua produção hospitalar.

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Arianne Lima, [email protected]